segunda-feira, 30 de maio de 2011

dead and gone

Quando nada mais importa, descobrimos o valor que damos a cada coisa, o sentido exato daquela caixa de música ou da lembrança mais remota da infância, que teima em voltar cada vez mais nítida. O único problema é que quase não tenho memórias da infância, é como se tudo tivesse se apagado com o tempo, como se todas as lembranças não tivessem existido. Bom, eu não ligo, eu ficaria feliz de não ter nenhuma lembrança do que ter essa única, de um passado nem tão distante mas que magoa.
Lá estava eu, sentada mais uma vez na beira daquele manto azul, com a brisa batendo fortemente em meu redor, meus cabelos chicoteando tudo em sua volta e as lágrimas quentes lavavam meu rosto. Respira Clara, meu subconciente susurrava.
O album de fotos pairava ao meu lado, a areia ia o cobrindo lentamente. Queria que as lembranças sumissem para sempre junto com aquelas fotos, as lembranças que me traziam seu rosto a tona em minha mente, eu não ligava para isso, eu ligava para o fato de então sua imagem nunca mais ir embora, e isso eu não aguentava, eu não era forte o bastante para não ligar para sua ausência. Não importava o quanto tentava, seu jeito, seu cheiro e seu rosto não me iam embora. Era uma briga constante do meu coração com meu cérebro, dois brigando por coisas impossíveis. A razão contra o sentimento, sendo que nenhum dos dois faziam sentido. Olhei em minha volta, a praia vazia, igualzinho a foto do meu album, só que dessa vez, não havia ele ali comigo.
Amanhã será um novo dia, uma nova vida, suspirava eu indignada. Seria a primeira viagem que faria sozinha, eu digo, sem ele. Já é um começo para quem foi idiota o suficiente para deixar tudo vagarosamente escapar de meus dedos e só perceber a falta depois que tudo foi perdido, mas hoje eu sei que não tem mais volta.
Deixaria ali todas as lembranças, as mágoas, as recordações de uma vida que agora já não existe mais. Tudo será recomeçado, a partir de agora.
Levantei-me a contragosto, respirando pela última vez aquele ar puro e pesado que me rondava. Olhei ao meu redor, nem o som das aves podiam ser ouvidos, o céu havia ficado nublado e agora eu conseguia ver que tudo havia mudado. Nós já não eramos as crianças do passado, não eramos mais apaixonados como antes, crescemos, tomamos rumos diferentes, vieram sonhos diferentes.
Afina, nada do que foi será de novo do jeito que já foi um dua, o amor se transforma em rancor e a saudade já foi curada, em pequenos instantes.

Um comentário:

  1. Seu blog er muito perfeito, eu queria segui-lo mais nem tem o aplicativo, resolvi adicionar ao meus blogs vafotitos. Serio mto perfeito seu blog.

    se quiser conhecer o meu :} http://thingsofcandy.blogspot.com/

    ResponderExcluir