quarta-feira, 27 de julho de 2011

Le Grand - Finale

   O silêncio rodeava nós dois e já não era a primeira vez que ficávamos assim, era algo constante depois que surgiu essa relação inexplicável entre duas pessoas diferentes que somos. O escuro parecia só piorar a situação.   Estávamos próximos mas ao mesmo tempo distantes. Eu sentia seu corpo perto do meu, sua respiração em meu rosto, mas isso não dizia nada a respeito de nós.
  Sentados naquele banco da praça, a meia noite, pela primeira vez em muitos meses eu consegui ver a lua distribuindo sua claridade no meio dos galhos das árvores, ela também refletia no chafariz que se encontrava atrás de nós, era grande e me enchia de uma esperança que eu não sabia explicar. Era como se tivesse me enchendo de energia para um novo começo.

  Olhei ao meu redor e só se viam casais ocupando os inúmeros bancos daquele lugar e por um motivo obscuro eu sabia que aquele seria a ultima vez que eu estaria ali, naquela circunstância, naquela situação embaraçosa.
  Ele me olhava, parecendo entender que a unica coisa que eu queria era silêncio. Eu olhava para cima e as lágrimas grossas escorriam pelo meu rosto violentamente, ninguém poderia fazer nada para mudar a situação. Eu sabia do erro que havia cometido, tentei esconde-lo por alguns meses mas foi inevitável que no final todo mundo soubesse e então passase a desaprovar qualquer outra atitude que eu tomasse.
  Seus braços grandes me puxaram para mais perto, onde encostei levemente minha cabeça em seu peitoral. Pude sentir suas mãos afagando meus cabelos e ele sussurrando, quebrando o silêncio que tinha me custado minutos.

- Esse dia vai ficar marcado. Você sabe disso, eu só queria que você soubesse o quão dolorido mas aliviador foi essa conversa.

Continue em silêncio. Ele nunca saberia que não consegui proferir nem metade do que eu queria ter dito. Os sentimentos me invadiam loucamente, as lembranças ardiam em minha memória e eu já não queria mais estar ali. Nesse momento ele estava me fazendo ficar desconfortável, como havia feito nas últimas vezes que nos encontramos. Havia tornado toda a nossa harmonia em pó, eu tudo o que eu mais queria era estar em outro lugar, nos braços de outro alguém . E nunca precisando ter essa conversa com mais ninguém a não ser ele.

- O tempo vai dizer tudo – disse mais para mim do que para ele. Quebrando o silêncio, suspirei pesadamente. Era só mais uma desculpa para tentar me convencer que no fim dessa minha jornada, ele estaria lá me esperando, de braços abertos e com seu sorriso encantador que invadia meus sonhos todas as noites.

- Mas eu sempre vou te amar. Espero que você entenda que meu sentimento a muito tempo já passou de gostar para amar . Você que nunca percebeu.

E com essa fala ele fez o caminho mais fácil para o meu “grand- finale”. Já bastava tudo que tínhamos passado, principalmente do limite. Me levantei, me desvairando de seus braços e enxugando as lágrimas com as costas das minha mãos, que chacoalhavam de ansiedade.
Deixei um sorriso para ele, rápido, mas sincero. E então me pus a correr, sem rumo mas apenas com a certeza que o tempo definiria tudo.

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